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Opinião: 7 a 1 foi pouco?

Por Bruna Saltiel


Antes de mais nada, gostaria de frisar que este é um texto opinativo, ou seja, fala o que EU penso, nada mais. Há pouco mais de um ano, escrevi uma crônica a respeito dos ‘patriotas incompreendidos’ (que você pode ler clicando aqui), sobre as pessoas que têm o coração pintado de preto, vermelho e amarelo, não verde e amarelo.

Relembre: Com recorde de Klose, Alemanha põe o Brasil para sambar e enfia 7 a 1

Recebi diversas mensagens sobre o assunto, algo que me deixou muito feliz, de leitores do Alemanha FC que haviam passado, e ainda passam, pelo mesmo dilema: recebem ofensas, ironias e, em muitos casos, ameaças por não conseguirem torcer para o Brasil num jogo contra a Alemanha. Naquela época, eu nem imaginava a goleada histórica que a seleção canarinha sofreria em pleno solo tupiniquim e, exatamente um ano depois, gostaria de expressar minha opinião, não sobre aquele jogo, mas sobre a comoção que ele causou e ainda causa.


Acordei hoje e já imaginava que as redes sociais estariam repletas de mensagens irônicas sobre o 7 a 1. Obviamente, nenhuma delas vêm de amigos alemães, mas, sim, de brasileiros. Por que? Porque grande parte das pessoas que conheço (GRANDE PARTE, não todos, quero salientar) não torcem para a Alemanha, mas contra o Brasil.

Existe uma diferença gritante, e aqui os torcedores da Mannschaft talvez concordem comigo, entre torcer para uma seleção e torcer contra outra. Eu, particularmente, não tenho a necessidade de zoar todos os jogos em que o Brasil perde, assim como não faz diferença, para mim, os jogos dos Estados Unidos, França, Uruguai e etc. Na verdade, vejo tantas pessoas apedrejando o Brasil por motivos alheios à Alemanha, que parece, às vezes, que são rivais tão diretos quanto Borussia Dortmund e Schalke 04 ou Bayer Leverkusen e Colônia.

Acredito, sim, que 7 a 1 é pouco quando se trata de educação, segurança, seriedade, pontualidade e tantas outras coisas que conhecemos tão bem. Mas o que isso tem a ver com a Copa América, por exemplo?

Será que um torcedor da Nationalelf considera mais importante uma derrota brasileira para o Paraguai, do que a classificação alemã para a Eurocopa (estamos em época de eliminatórias da Euro, para quem não acompanha)? Será que a expulsão do Neymar deve ser levada mais a sério do que a classificação das Frauen no Mundial Feminino? É normal comemorar o 7 a 1 como se fosse uma conquista de título ao invés de lembrar, eternamente, o momento do tetra? Por que não vimos, eu não vi, pelo menos, as pessoas lembrando da goleada contra Portugal na Copa, por exemplo?

Um ano se passou e muitos torcedores, que se diziam fervorosos, se perderam no caminho. Como citei anteriormente, é minha opinião, mas deveríamos parar e pensar se somos aficionados pela Alemanha (jogando bem ou não) ou apenas mais um que odeia tudo que remete ao Brasil?

Sinceramente, acredito que quando sentimos algo, não sabemos, ou podemos, explicar os motivos, como adotar uma outra seleção para si, por exemplo. É impossível expressar em palavras quando amamos alguma coisa e, penso eu, totalmente desnecessário. Porém, se quando lhe perguntam sobre a razão de você torcer para a Alemanha você só sabe dizer “odeio o Neymar, odeio o Dunga/Felipão, odeio o David Luiz, odeio o chorão do Thiago Silva” ou “no Brasil só tem corrupto, assalto, não tem escolas decentes” talvez o 7 a 1 tenha sido realmente pouco.

Não quero dizer que você precisa saber cantar o hino nacional alemão ou decorar todas as escalações desde a Copa de 1934, muito menos que tenha que comer chucrute todo dia ou saber falar Donaudampfschifffahrtselektrizitätenhauptbetriebswerkbauunterbeamtengesellschaft sem gaguejar, apenas que, talvez tenhamos que rever nossas prioridades, se é apoiar a Alemanha, independentemente da situação, ou torcer contra o Brasil, sempre contra o Brasil. Afinal de contas, quem conhece o povo alemão vai concordar que no quesito lealdade, eles goleiam mais uma vez.

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